10 de março de 2011

A sério que não quero saber

Hoje queria usar uma folha de cálculo e como a licença temporária do Microsoft Office que vinha com o meu portátil deve estar quase a acabar*, decidi sacar o Libre Office, uma versão bastarda do Open Office feita por alguns tipos que não gostaram muito da passagem de mãos para a Oracle.

A página de download é engraçada. Não sei porquê alguém achou que sacar o código fonte para criar o próprio instalador é um caso de uso suficientemente importante para estar (quase) logo abaixo do download da versão que quero. Mais importante ainda do sacar o SDK para fazer as minhas alterações (já que está por cima desse). Acho que alguém tem de lhes dizer que não há aí muitas pessoas a quererem sacar o código fonte só para compilar e fazer um instalador personalizado quando, em princípio, o resultado final é igualzinho a usar o instalador dos binários. Talvez o caso de uso seja um pouco diferente do que a ligação dá a sugerir, mas prontos.

Também nessa página (e isto só reparei agora que a estou a revisitar) os temos a pedir desculpa se a "combo-box" não tiver logo o sistema operativo certo. Que idiotas... mais valia ficarem caladinhos. Imagino que aquele texto seja precisamente o contrário: o que eles estão a fazer é a gabarem-se que têm um sistema automático para detectar o sistema operativo e querem salientar essa funcionalidade. Mas como às vezes falha já se estão a desculpar. Se não quisessem ser chico-espertos não precisavam de dar a saber que a funcionalidade às vezes falhava. Se não dissessem nada, silenciosamente melhoravam a experiência do utilizador sem darem mau aspecto. Detecção do sistema operativo não é nada de tão difícil que se valha a pena gabar-se, e se não se conseguir detectar deixa-se o valor escolhido no sistema operativo mais usado que também ninguém havia de refilar se afinal falhassem.

Mas a cena mais espectacular da experiência toda ainda foi durante a instalação:


Lendo com atenção, não me estão a perguntar onde quero que o Libre Office vá parar, estão a perguntar onde quero que ponham os ficheiros temporários de instalação. Ora aí está algo que nem sequer quero saber, não percebo por que raio me estão a perguntar isto. Ponham-nos onde quiserem, num canto refundido qualquer que nunca mais vou visitar e que normalmente é apagado automaticamente, como o directório de ficheiros temporários do Windows. Se for, sem perguntar nada a ninguém, para um sítio desses como tantos outros programas fazem ao se instalarem, não me chocava nada. A única razão válida para me perguntarem uma coisa destas seria eu ter o controlo de onde os ficheiros vão parar para se tiver falta de espaço em disco saber onde estão. Há soluções melhores para este problema (que em princípio nem sequer é assim tão problemático) e nenhuma envolve perguntar-me onde quero que descompactem os ficheiros do instalador: podiam, como já disse, meter os ficheiros automaticamente numa directoria de ficheiros temporários. Podiam, se se preocupam assim tanto com o espaço que ocupam, simplesmente apagar os ficheiros como passo final do instalador.

Mas não. Escolheram perguntar-me onde quero descompactar os ficheiros do instalador. Já tinha ouvido falar no termo "smart defaults" para melhor agradar o utilizador e ele ter de mexer o menos possível nas configurações obrigatórias, mas a sugestão que eles dão como localização dos ficheiros de instalação é do melhor. Então quem é que não quereria ficheiros temporários no seu ambiente de trabalho? Isto já está tão limpinho e arrumadinho, só faltava mesmo era um directório chamado "Libre Office 3.3 (letras aleatórias) Instalation Files". Está-se mesmo a ver que é um directório que iria usar com uma frequência desgraçada depois de instalar o Libre Office.

Bem ... ao menos ficou num sítio onde é relativamente fácil seleccionar e apagar.

Na tab de "Get Involved", um dos perfis de programadores que precisam é de User Experience e Visual Designer. Têm razão. E precisam tão desesperadamente que fazem coisas completamente idióticas para chamar a atenção a esse facto.

Quando encontrar o botão de "Submit Feedback", podem crer que farei uso dele.

* Para além de ser profundamente irritante aparecer uma janela enorme para me dizer que só posso abrir o Office mais uma dúzia de vezes e a perguntar se não quero dar um balúrdio do dinheiro pelo privilégio de o poder abrir as vezes que quiser.

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