14 de abril de 2011

Nova bicicleta

A última bicicleta que tinha tido foi há imenso tempo. Foi provavelmente a mesma bicicleta com que aprendi a andar, quando era puto, e que com o tempo e desuso foi enferrujando e lá está no que era o estábulo da minha casa na "terra" (no Painho, perto das Caldas da Rainha). Sempre foi uma actividade de que gostei bastante e infelizmente estive muito tempo sem andar de bicicleta regularmente. Ia alugando uma bicicleta e dando umas voltas de vez em quando, mas não é a mesma coisa. Há uns meses decidi-me a comprar uma bicicleta e lá o fiz. Voltar a andar de bicicleta foi espectacular. Entre passeios na ciclovia de Cais-do-Sodré/Belém com amigos no fim-de-semana, e idas solitárias ao Terreiro do Paço de vez em quando, só não andei de bicicleta em semanas em que o tempo estava mau demais para isso (e mesmo assim cheguei a apanhar uma molha numa vez que arriscámos a ciclovia num dia pouco acolhedor).

Há uns Domingos atrás fui com um amigo meu dar um pulo pelo FabriCamp Lx1, no Pavilhão dos Conhecimentos no Parque das Nações. Como o Parque das Nações é um sítio fixe para se andar de bicicleta, cada um de nós levou a sua para depois darmos uma volta. Depois de um pouco de passeio fomos ao Vasco da Gama, deixámos as bicicletas no parquezinho próprio que há para bicicletas em frente à entrada que dá para a estátua ferrugenta, e fomos jantar descansados. Quando chegámos, nenhuma das nossas bicicletas estava lá. A minha corrente estava cortada no chão e a corrente (mais grossa, com código, que estava também presa à minha bicicleta) do meu amigo nem vê-la.

Durante o FabriCamp as bicicletas ficaram duas horas presas individualmente a um caixote do lixo no meio do nada, onde poucas pessoas passam. Uma hora no sítio próprio para bicicletas num local com seguranças e pessoas constantemente a passar e são roubadas. Quando fomos para fazer queixa a uma das seguranças do Vasco da Gama: "Ah, isso não é nada connosco. O melhor é irem fazer queixa à polícia para eles depois verem o vídeo de vigilância e podem ter a sorte de a câmara ter apanhado os ladrões". Um ponto engraçado desta situação é que estávamos mais preocupados com as bicicletas nas duas horas que elas estiveram presas ao caixote do lixo do que no tempo que elas estiveram presas no parque de bicicletas.

Há aqui muita coisa que me deixa indignado. Primeiro de tudo há as bestas que roubaram as bicicletas. Segundo há os seguranças do centro comercial onde fui gastar dinheiro que não só não protegeram os interesses dos seus clientes, como também nada se importaram com o sucedido. Terceiro há a minha estupidez em não me aperceber do quão mau o sítio era na realidade para deixar uma bicicleta relativamente nova.

Há que dizer que tanto eu como o meu amigo fomos levados por um falso sentido de segurança. O sítio parecia adequadamente perto do Vasco da Gama para deixarmos as bicicletas. Assumimos que haveria alguma segurança no movimento constante de pessoas, que ninguém ia roubar bicicletas abertamente num sítio por onde está constantemente a passar gente. Assumimos que haveriam seguranças a passear por aquela zona. Se não tivéssemos assumido isto tudo e determinado que era um lugar perigoso para deixar as bicicletas, tínhamos ido embora para casa em vez de jantar no Vasco da Gama e ainda tínhamos as nossas bicicletas.

Em retrospectiva é óbvio porque é que uma hora ali no sítio próprio para bicicletas em frente ao Vasco da Gama foi mais perigoso para as bicicletas do que duas horas num sítio onde não passa ninguém, presas a um caixote do lixo frágil. Em ambos os sítios onde deixámos as bicicletas apenas as protegemos contra o gajo que vê uma bicicleta, pega nela e leva-a consigo. Para levar as bicicletas era preciso conseguir cortar as correntes e o transeunte que se depara com as bicicletas por acaso não anda com um alicate de corte no bolso para estas situações. Por outro lado, haver um sítio fixo onde as pessoas se sentem seguras para deixar as bicicletas delas, sem seguranças, abre portas a que pessoas mal intencionadas e melhor equipadas passem por lá com um alicate de corte, analisem se há alguma bicicleta que valha a pena roubar (mal protegida/relativamente boa), e pronto... Alguém fica sem bicicleta. Aparentemente isto é algo que acontece todas as semanas, segundo os polícias.

Acho que é uma falha enorme do Vasco da Gama providenciar aquele sítio onde se pode simplesmente ir roubar bicicletas. Em vez de estarem a oferecer aos seus clientes um sitio seguro onde deixar as bicicletas, estão a dar-lhes um falso sentido de segurança e a fazer com que mais bicicletas sejam roubadas, perdendo clientes. Eu, por exemplo, já sei que não vou jantar no Vasco da Gama depois de ir andar de bicicleta no Parque das Nações. Questiono-me porque é que não há um segurança ao pé do parque de bicicletas. Questiono-me porque é que as rondas da polícia não passam por lá com frequência o suficiente para desincentivar ladrões. Questiono-me porque é que, não havendo recursos humanos para impedir o roubo, não se tira aquele parque dali para não haver pessoas a deixar lá bicicletas que podem ser roubadas.

E assim, cerca de dois meses depois de a comprar, fiquei sem a minha bicicleta nova. Restam-me duas opções: baixar os braços e desistir de ter uma bicicleta, ou não deixar que um grupo de anormais me roube o prazer readquirido de andar de bicicleta. A escolha parece bastante simples, vou comprar uma bicicleta para substituir a que perdi e desta vez vou também comprar material para a prender que não só dê protecção contra o transeunte ocasional mas que também ofereça alguma segurança contra alicates de corte de tamanhos não industriais. E também vou ter bastante mais cuidado onde deixo a bicicleta e assegurar-me que o que assumo de segurança parece mais sólido.

O pior de tudo é que ainda há um outro grupo de idiotas que nada faz de concreto para impedir estas situações. Talvez o número de clientes que lá vai porque tem o parque para as bicicletas ainda compense financeiramente relativamente ao número de clientes que perdem porque permitiram que lhes roubassem as bicicletas. Eu acho inaceitável e por isso podem contar que não gastarei mais do meu dinheiro no Centro Comercial do Vasco da Gama enquanto este tipo de negligência existir.

Quase que sinto que fui directamente lesado pela administração do Vasco da Gama e que os devia responsabilizar legalmente pelo sucedido (talvez processando-os?). Vou tentar averiguar com pessoas mais conhecedoras da lei se teria hipótese ou se estas corporações são protegidas contra este tipo de negligência grosseira e danosa.

1 comentário:

  1. Boas, gostaria de ter lido o teu artigo um dia antes,seria sinal que ainda tinha a minha Bike, acabei de ser vitima da mesma situação 30 minutos no vasco da Gama e quando voltei nem sinal dela, não era uma Bike barata, tinha 2 anos e cerca de 8000 mil Km, muitos passeio fizemos juntos, apresentei queixa na esquadra do PQ.das Nações,não fazia ideia que havia roubos diários o que ainda acho mais chocante nada ser feito para impedir isto! vou ficar á espera de noticias, mas não tenho muita esperança...

    Pablophil

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